Canção de embalar*
Vês?
Se tu quiseres eu sou capaz de voar
Depois peço que me dês a tua mão
E virás comigo a todos os céus dos jardins por inventar
Veremos tudo o que fica para aquém dos nossos sonhos
E as pétalas das flores que nunca serão espezinhadas
Porque nós os dois sabemos bem desse mundo sem tempo e sem lugar
Desse espaço apenas apercebido na hora indecisa da madrugada
Em que os ogres adormecem e voltam a ser meninos
E as fadas cansadas demais para existirem
Se recolhem confundidas com as árvores da floresta
Haveremos de percorrer uma a uma cada estrela
Principalmente aquelas que ainda nunca vimos
E que guardam em si a luz que trazes no olhar
Estaremos na fúria dos mares e dos ventos
Seremos tão pequenos que ninguém saberá de nós
Tão imensos que caberá em nós todo o universo
E o nosso riso perturbará no firmamento a Via Láctea
Vês, filho
Como é tão grande e cheio de tudo este espaço em que podemos voar?
Voemos
Voemos agora que já vestiste o teu fato espacial da nave do sono
E eu me retiro devagarinho para não te acordar...
Jorge Castro
21 de Novembro de 2004
* Poema musicado por David Zink e coreografado por Sofia Sylva, para os espectáculos do Ars Integrata Ensemble na Culturgest (31 Jan. 2007) e com nova coreografia da mesma bailarina no Palácio Foz (domingo, 6 de Abril de 2008, pelas 16h - v. programa completo em ARS MUSICA (39): Ars Integrata ao vivo no Palácio Foz )
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