ARS POETICA 2U releva do conceito de que a alquimia das palavras é parte essencial da vida, sendo esta considerada como arte total.
Por isso se revê no projecto ARS INTEGRATA e é parte integrante do mesmo, procurando estar em sintonia com todos os que partilham do nosso modo aberto de conceber e fruir a arte.
Por isso é também 2U (leia-se, "to you", i.e. a arte da poesia para si).
Colabore com poemas, críticas, etc.
E-mail: arspoetica2u@gmail.com
Somos fiéis ao lema "Trás outro amigo também".

Convidamo-lo ainda a visualizar e a ouvir (basta clicar com o rato sobre as imagens) alguns dos poemas com música e interpretação por elementos do Ars Integrata Ensemble (vídeos disponíveis no final desta página), assim como a visitar a página do mesmo em http://arsintegrataensemble.blogspot.com/


-

POEMARIUM : recipientis poeticus

POEMARIUM : recipientis poeticus

domingo, 26 de outubro de 2008

ARS POETICA (49): Revisitação do "Cântico Negro", por Jorge Casimiro


Jorge Casimiro, poeta que é também físico, investigador, ensaísta, e homem de mil e uma actividades, dá-nos em acto de homenagem e para que não caia no esquecimento ("porque de silêncio também se morre", diz-nos o autor), no seu último livro, uma visão poética diferente de um tema que inspirou José Régio e se tornou, pela voz de João Vilaret, um dos mais célebres da poesia portuguesa.


CÂNTICO NEGRO


neste labirinto de silêncios palpáveis
desenho com o dedo a suspeita de estar só
e um bando de canetas voa espavorido do ninho
solto aos quatro ventos
em jorros de tinta negra
negra como o mais negro dos cânticos
que aqui onde vou não arrasto pés sangrentos
nem desbravo florestas inexploradas
nem terras-de-ninguém devassadas
nem pântanos secos
sem troncos ocos
sem areias movediças
sem água
sem lodo
sem cais
sem sereias de caudas postiças
sem lamas
nem dalai lama
nem pecados originais
não! mais gente não!
que eu não vivo para infectar amores antagónicos entre deuses e demónios
se vivo é só p’ra proclamar a morte da última ave do paraíso
atacada de taquicardia voluptuosa
p’ra declarar louca toda a bússola que me aponte o norte
p’ra caminhar na berma bamba do abismo sem rede
e engolir em seco todo
de chofre
ou em silêncio assina a sua sentença de morte
sempre em silêncio
porque de silêncio
também se morre


Jorge Casimiro
in: Murmúrios ventos. [S.l.] : Pássaro de Fogo, 2006
-

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

ARS POETICA (48): correio poético (16): Edite Gil, do real ao imaginário



RAZÃO SONHO REAL IMAGINÁRIO


Na caverna de um ser
o respirar da alma…
o respingar da alma…
Esbarrar no vazio, no silêncio, na indiferença
instintivamente, por dor ou saudade
é não compreender a música nómada
é não compreender a infusão, a fusão e a efusão…
Refulgindo, o ébano do espírito mascara-se com a candura…
Que regresse a condescendência da fantasia!
O refrão invade o rifão!...
Grite-se a mágoa infinda do coração clandestino
que caminha ilícito e descalço…
o frio das pedras na vereda cortante que ruma ao abismo…
Quem ousou cortar as asas da imaginação?
Cada um ruma a si, e não se encontra…
E o zimbório da vida em astuta zombaria…
O refrão invade o rifão!...
Para quê as palavras?
Para quê os sonhos?
Para quando, o momento memorável da libertação?


Edite Gil
2008.Ago.26

-

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

terça-feira, 7 de outubro de 2008

ARS POETICA (46): correio poético (15): Em busca das palavras perdidas



PALAVRAS PERDIDAS



Há palavras que nunca foram ditas
E deviam...
Há palavras que ficaram guardadas
Para serem ditas um dia...

Mas o dia não chegou
Porque
antes de tempo
Chegou outro dia
que tudo acabou

E o dia das palavras guardadas
Guardou as palavras que deviam ser ditas.


Clotilde Moreira
22 Set. 2008

-

Da Ciência e da Arte / Jorge Castro (poema) & David Zink (música)

Acerca da essencial e discreta diferença / Júlia Lello (poema) & David Zink (música)

Canção de embalar / Jorge Castro (poema) & David Zink (música)

Falas de amor / Jorge Castro (poema) & David Zink (música)