ARS POETICA 2U releva do conceito de que a alquimia das palavras é parte essencial da vida, sendo esta considerada como arte total.
Por isso se revê no projecto ARS INTEGRATA e é parte integrante do mesmo, procurando estar em sintonia com todos os que partilham do nosso modo aberto de conceber e fruir a arte.
Por isso é também 2U (leia-se, "to you", i.e. a arte da poesia para si).
Colabore com poemas, críticas, etc.
E-mail: arspoetica2u@gmail.com
Somos fiéis ao lema "Trás outro amigo também".

Convidamo-lo ainda a visualizar e a ouvir (basta clicar com o rato sobre as imagens) alguns dos poemas com música e interpretação por elementos do Ars Integrata Ensemble (vídeos disponíveis no final desta página), assim como a visitar a página do mesmo em http://arsintegrataensemble.blogspot.com/


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POEMARIUM : recipientis poeticus

POEMARIUM : recipientis poeticus

segunda-feira, 31 de março de 2008

ARS POETICA (28): Textos pretextuais de Júlia Lello (II)



Ad Præsente Deo*



Tudo parece agora inteiro e claro
Confiante e imutável
Cada olhar é legível e liberto
E em tua mão honesta a minha pousa

Partir-se de uma base quanto isso tranquiliza
Não mais equívocos A má fé repousa
Banida E a luz envolve as formas

E no entanto uma palavra
Às vezes um silêncio ou uma
Imperceptível indomável onda
Desorganiza Abala Instaura o caos

Partido este porém já outra vez de novo
Se pode degustar a paz quando ela volta
Já outra vez não-podre
Mas fresca depurada

E este ciclo de vida é a ti que devo.


in: Textos pretextuais / Júlia Lello. Odivelas: Europress, D.L. 1991

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* Poema musicado por David Zink para o espectáculo do Ars Integrata Ensemble no Palácio Foz (domingo, 6 de Abril de 2008, pelas 16h - v. programa completo em ARS MUSICA (39): Ars Integrata Ensemble ao vivo no Palácio Foz )

sexta-feira, 28 de março de 2008

ARS POETICA (27): Haiku V55, de Isabel Cristina


Haiku


V55

Sons crepusculares
acordam doces manhãs
em bocas de luz
Isabel Cristina / 03.08



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segunda-feira, 24 de março de 2008

ARS POETICA (26): A poética do amor em Jorge Castro


Falas de amor
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o amor é essa coisa improvável
quase ao rés do impossível
lugar tardoz
escondido
ao recato da família
que tantas vezes perpassa
sinuoso – aventureiro
- ia dizer indizível… -
brilhante qual candeeiro
de luz dada ao mundo inteiro
cheio de graça e desgraça
diamante que retraça um coração distraído
e que por vezes se esquece num recanto da mobília

mas um dia abro a gaveta
dos olhos
das mãos
da boca
de cada um dos sentidos
lá vem ele feito uma seta
essa coisa sem sentido
correndo como uma louca numa corrida sem meta

se consente
consciente
vai da paixão ao ocaso
então faz-se inconsciente
não sendo assim por acaso
que ver com olhos de amar
só se vê o que se quer
… ao resto não se faz caso

ah o amor – o amor
o amor não consentido
há lá coisa tão melhor do que um amor distraído?


Jorge Castro
2006

* Poema musicado por David Zink para os espectáculos do Ars Integrata Ensemble na Culturgest (31 Jan. 2007) e no Palácio Foz (domingo, 6 de Abril de 2008, pelas 16h - v. programa completo em ARS MUSICA (39): Ars Integrata ao vivo no Palácio Foz )


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quinta-feira, 20 de março de 2008

ARS POETICA (25): Correio poético (12): Poesia em Dia de...


PRIMAVERA


Gravita a vitalidade…
Germinam as sementes…
Um decote em forma de uva
cingindo um corpo só…
As magnólias espreguiçam
suas pétalas amarrotadas…
Uns olhos cor de avelã
num rosto de tez perfumada…
As rosas embalam-nos
com seu dulcíssimo perfume…
Um sorriso franco
diamante dos olhos da alma…
Pelos campos as papoulas
abrem, descaradas, seus negros corações de ouro…
Na boca um cântaro de mel,
um movimento preguiçoso,
um coração cavalgante,
as abelhas zumbindo o néctar dos Deuses…
Uma perna bem torneada
o desejo cintilante
num umbigo sem pudor…
Um chilreio de tenor, um bramido, um gorjeio de barítono,
um alento…
O sonho
que pairou silencioso na brisa inquieta
espreguiça então o desejo
de uma intimidade descomposta…
Edite Gil
2006.Abr.15

quarta-feira, 19 de março de 2008

ARS POETICA (24): Poemas mínimos (II): Rien de rien, c'est tout!


II - O Nada... (poema em poucas palavras)



David Zink / 19 Mar. 2008

domingo, 16 de março de 2008

ARS POETICA (23): Correio Poético (11): To be or not to be...


De Francisco José Lampreia, que com a Estefânia Estevens forma um "duo poético" - ela divulgando com o (en)canto da sua voz os poemas dele, e este entrecruzando a sua "fala" tranquila numa toada ritmada, não raro com simbólica ironia - que tem vindo a recolher largo aplauso nas "Noites com poemas", recebemos um...


Poema de sense ou de nonsense?

Estou cansado de ouvir a felicidade comercial nas canções.
Gosto de ti, porque não cantas.
Mas continuo a ouvir as mesmas canções.
Algum dia, deixarei de gostar de ti,
Porque não cantas.
- Mas devo começar a cantar? Perguntas meigamente.
- Meu amor, não me faças perguntas difíceis.
Eu digo o mesmo que diz o povo na sua cultura:
“Mostrar inteligência em terra de loucos, é loucura!”

Francisco José Lampreia


segunda-feira, 10 de março de 2008

ARS POETICA (22) : Haiku(s) de Isabel Cristina


3 HAIKAI

Isabel Cristina, artista plástica e professora de ioga, confiou-nos 3 Haiku(s), essa forma poética depurada, de tradição japonesa mas que desde o final do séc. XIX tem vindo, para nosso deleite, a conquistar um número crescente de adeptos ocidentais.



V52

Esvoaçam olhos
P’lo céu rasgado de pássaros
Em manhãs de luz



V53

Em boca sedenta
Encosto o meu desejo
Solta-se a pele


V54

Acesa na noite
A minha boca é d’água
Entorno carícias


Isabel Cristina

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sexta-feira, 7 de março de 2008

ARS POETICA (21): Textos Pretextuais de Júlia Lello



E porque o culto


Não cuides que te busco ainda por querer-te
Pois nem te quereria já se tu te desses,
De tanto me aplicar (certa de que o quisesses)
No construir da ideia de perder-te:

Após louco intentar com ardis demover-te
Ao ver que a amor já não era crível que cedesses
Desistindo por fim de crer que tu viesses
Oh, como trabalhei os gestos de não ver-te!

E ao fim de tanto estóico esforço de vontade,
se alguma vez me vires buscar com ansiedade
Nesse lodo em que afunda memórias teu olhar,

Não te iludam vestígios de incansável ardor
Nem atribuas causas a saudades de amor
Que é a mim, nada mais, que eu ando a procurar.

in: Textos pretextuais / Júlia Lello. Odivelas: Europress, D.L. 1991


* Poema musicado por David Zink para o espectáculo do Ars Integrata Ensemble no Palácio Foz (domingo, 6 de Abril de 2008, pelas 16h - v. programa completo em ARS MUSICA (39): Ars Integrata Ensemble ao vivo no Palácio Foz )

Da Ciência e da Arte / Jorge Castro (poema) & David Zink (música)

Acerca da essencial e discreta diferença / Júlia Lello (poema) & David Zink (música)

Canção de embalar / Jorge Castro (poema) & David Zink (música)

Falas de amor / Jorge Castro (poema) & David Zink (música)