ARS POETICA 2U releva do conceito de que a alquimia das palavras é parte essencial da vida, sendo esta considerada como arte total.
Por isso se revê no projecto ARS INTEGRATA e é parte integrante do mesmo, procurando estar em sintonia com todos os que partilham do nosso modo aberto de conceber e fruir a arte.
Por isso é também 2U (leia-se, "to you", i.e. a arte da poesia para si).
Colabore com poemas, críticas, etc.
E-mail: arspoetica2u@gmail.com
Somos fiéis ao lema "Trás outro amigo também".

Convidamo-lo ainda a visualizar e a ouvir (basta clicar com o rato sobre as imagens) alguns dos poemas com música e interpretação por elementos do Ars Integrata Ensemble (vídeos disponíveis no final desta página), assim como a visitar a página do mesmo em http://arsintegrataensemble.blogspot.com/


-

POEMARIUM : recipientis poeticus

POEMARIUM : recipientis poeticus

sexta-feira, 20 de março de 2009

ARS POETICA (61): Viva(ldi), La Primavera!



Ars Poetica 2U celebra a Primavera publicando dois poemas em concerto (um brinde de Pedro Sevylla de Juana, vindo de Espanha expressamente para os nossos leitores, e outro, oh surpresa das surpresas!, um soneto de Antonio Vivaldi), a música das palavras e não só...


PRIMAVERA


A gente da rua, a comum e corrente
a que começa o dia quando o dia começa,
essa gente magnífica que empurra o planeta,
me entusiasma e me surpreende.

Às brisas frescas
e às fragrantes flores
recém abertas
lhes chama essa gente
primavera.

Às traquinadas das crianças alegres
e às pechinchas achadas nas feiras
lhes diz essa boa gente
primavera.

Às noites serenas
e à vizinha lua
pálida e cheia
lhes chama
primavera.

A comer três vezes ao dia
um prato de lentilhas, um guisado de ovelha
ou algumas costelas de porco,
lhe diz essa gente primavera.

A enlaçar a tempo um ónibus com outro
para chegar pontual à oficina
e trabalhar quase sem repouso
onze horas ao dia,
cobrando depois de uma comprida espera
uma paga mesquinha,
lhes chama primavera.

A passar uma manhã inteira
sem lumbago, ciática
reumatismo, gastrite ou enxaqueca
lhe diz esta gente primavera.

Os homens e mulheres de carne e sangue
excedem minha capacidade de surpresa:
contagiam ilusão, derramam coragem,
arrostam a vida com a olhada aberta,
comentam em voz alta suas intimidades,
abarrotam as salas de espera
e ao menor indício de melhora
à realidade mais pequena
a qualquer coisa
lhe chamam primavera.

Pedro Sevylla de Juana


e LA PRIMAVERA, di Antonio Vivaldi (1678-1741)

Concerto no. 1, in Mi maggiore per violino, archi e clavicembalo, RV 269, "La Primavera" – movimento I : Allegro / Gidon Kremer (violino) & The English Chamber Orchestra (rec. 1992)
parte prima di Le Quattro Staggioni, in Il cimento dell'armonia e dell'inventione, opus 8 (ca. 1725)



PRIMAVERA
(soneto)

(Movimento I: Allegro)

Giunt' è la Primavera e festosetti
La Salutan gl' Augei con lieto canto,
E i fonti allo Spirar de' Zeffiretti
Con dolce mormorio Scorrono intanto:

Vengon' coprendo l'aer di nero amanto
E Lampi, e tuoni ad annuntiarla eletti
Indi tacendo questi, gl' Augelletti;
Tornan' di nuovo al lor canoro incanto:


(Movimento II : Largo)

E quindi sul fiorito ameno prato
Al caro mormorio di fronde e piante
Dorme 'l Caprar col fido can' à lato.


(Movimento III : Allegro)

Di pastoral Zampogna al suon festante
Danzan Ninfe e Pastor nel tetto amato
Di primavera all' apparir brillante.

Antonio Vivaldi
fecit circa 1725

-

sábado, 14 de março de 2009

ARS POETICA (60): Correio poético (20): Místicas invenções, de Carlos Pedro



Místicas invenções


Quem quer ver a barca bela
que se vai deitar ao mar
nossa senhora vai nela
e os anjos vão a remar

Líricas invenções
de mentirosos
aldrabões
será que não
irão marrar
com a barca
num porta-aviões!?

São Vicente é o piloto
Jesus Cristo o general
que linda bandeira levam
bandeira de Portugal

Místicas invenções
não há barca
fechem as escotilhas
as comportas
será o seu destino
desfazer-se contra
um submarino do Portas
--
CÁPÊ

sábado, 7 de março de 2009

ARS POETICA (59): People are numbers (s. law, no. 1)


1, 2, 3, ... : People are numbers! (s. law no. 1/xxi) / David Zink (2009)



a visual poem + a text poem inspired by world (dis)governments
see more numbers in: http://laborsta.ilo.org/


People are numbers:
1, 2, 3, ...


Numbers have people:
Madaleine, Mary, Joseph

People have martyrizers:
Adolf, George, José

Martyrizers are blind
Can´t see people
only numbers



tradução portuguesa:

As pessoas são números!
1, 2, 3, ...

Números têm pessoas:
Madalena, Maria, José

Pessoas têm algozes:
Adolf, George, José


Os algozes são cegos
Não conseguem ver pessoas
Só números

-

Da Ciência e da Arte / Jorge Castro (poema) & David Zink (música)

Acerca da essencial e discreta diferença / Júlia Lello (poema) & David Zink (música)

Canção de embalar / Jorge Castro (poema) & David Zink (música)

Falas de amor / Jorge Castro (poema) & David Zink (música)