PRIMAVERA
Gravita a vitalidade…
Germinam as sementes…
Um decote em forma de uva
cingindo um corpo só…
As magnólias espreguiçam
suas pétalas amarrotadas…
Uns olhos cor de avelã
num rosto de tez perfumada…
As rosas embalam-nos
com seu dulcíssimo perfume…
Um sorriso franco
diamante dos olhos da alma…
Pelos campos as papoulas
abrem, descaradas, seus negros corações de ouro…
Na boca um cântaro de mel,
um movimento preguiçoso,
um coração cavalgante,
as abelhas zumbindo o néctar dos Deuses…
Uma perna bem torneada
o desejo cintilante
num umbigo sem pudor…
Um chilreio de tenor, um bramido, um gorjeio de barítono,
um alento…
O sonho
que pairou silencioso na brisa inquieta
espreguiça então o desejo
de uma intimidade descomposta…
Edite Gil
2006.Abr.15
2006.Abr.15
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